terça-feira, 21 de junho de 2011

REFLEXÕES SOBRE O SEGUNDO DIA DO GIBI GRÁTIS DE JAÚ

Amigos, amigas, dia 5 de junho próximo passado, a cooperativa de Quadrinhos Júpiter II, em parceria com a coordenação do projeto Escola da Família da Escola Estadual Terézio Mendes Peixoto (nome do meu saudoso professor de biologia!), aqui na cidade de Jaú, organizaram o Segundo Dia do Gibi Grátis de Jaú. Eu sei que vocês adorariam ver fotos, eu cheguei a levar a máquina fotográfica mas havia me esquecido de carregar a bateria, e não levei os fios necessários para isso. Portanto, vai ficar só neste relato, e na memória dos que participaram.


Um primeiro Dia do Gibi Grátis já havia sido realizado aqui em Jaú (e que vocês podem conferir, com fotos e tudo: http://jupiter2hq.blogspot.com/2010/12/um-sucesso-o-dia-do-gratis-de-jau.html). Este segundo evento foi diferente do primeiro, este realizado em praça pública no centro da cidade, numa manhã de sábado, de movimentado comércio. Público muito diversificado conheceu os gibis da Júpiter II. Desta feita, o evento se deu numa escola específica, e todos os presentes eram alunos daquela escola ou vizinhos. De qualquer forma, dezenas de jovens estiveram por lá e foram distribuídos mais de 1200 gibis da cooperativa Júpiter II, entre diversos títulos.


Com a ajuda das amigas Márcia Sanches e Aparecida Paula Maria, montamos um stand improvisando duas mesas, onde ficaram expostos os diversos gibis, mas plastificados e grudados, com fita adesiva, na superfície da mesa, de modo que a pessoa não tinha acesso as páginas internas. Seriam as capas então que seduziriam ou não o interessado. Confesso que pensei nisso deliberadamente, para ter idéia de quais capas pudessem ser as mais atraentes para aquele público totalmente afastado das Histórias-em-Quadrinhos (exceto por um ou outro leitor da Turma da Mônica). Limitamos a distribuição de cinco gibis para cada pessoa, sem direito a repetição ou de escolher dois exemplares do mesmo gibi. Primeiramente, o que desperta a atenção é mesmo o gênero, o assunto de que trata publicação. Creio que o estilo mais popular, ou seja, o preferido das pessoas, seja o tema infanto-juvenil. Por isso esgotaram-se rapidamente de cada um os cinquenta exemplares de Krahomin, Turma do Gabi e Benjamin Peppe que levei. Igualmente o Blenq n.3, com temática infanto-juvenil, teve todos seus exemplares distribuídos no evento. Também a temática religiosa cristã atrai a atenção do público. Da mesma forma que os títulos infanto-juvenis, os números de Histórias Sagradas que levei se esgotaram. Igualmente os heróis capoeiristas atraíram a atenção dos jovens: exemplares de Capoeira Negro, Corcel Negro e Meia-Lua foram muitíssimo pedidos. Do Raio Negro, os números mais pedidos foram o 7 (capa de Elmano Silva) e o n. 11 (capa de Renato Rei). Arrisco a dizer porquê: ambas as capas mostram dinossauros, mais precisamente o Tiranossauro Rex, e isso desperta a curiosidade nos mais jovenzinhos. Monstros realmente chamam a atenção, por isso minha surpresa com a boa pedida de exemplaes de Capitão MacNamara Contra A Invasão Extra-Terrestre, Blenq n.2 (com um lobisomem ilustrado por Rodolfo Zalla na capa) e Tiras vs. Monstros. O Garra Cinzenta também chamou a atenção, de modo que o gibi onde aparece em destaque, Raio Negro & Velta n.2, esgotou-se por lá! E a moçadinha parece mesmo fascinada por super-heróis! Não só escolhiam Raio Negro, mas levaram muitos Meteoro Comics, e não deixaram sequer um exemplar do Reação! Vulto e Tormenta também participaram da festa: do vigilante mineiro a preferida foi Guerra Declarada, e o número do Tormenta mais procurado foi o número 4, com capa de Dennis Oliveira.


Havia um risco neste evento. Nós bem o sabíamos. Quase todas aquelas pessoas, aqueles jovens e jovenzinhos, nunca tiveram acesso a gibis de Histórias-em-Quadrinhos. Significava muito para eles, e isso poderia até provocar brigas. Mas felizmente não faltou gibi pra ninguém, mas vimos somente duas discussões entre alguns peraltinhas mais exaltados e dois gibis acabaram sendo danificados. Isso é irrisório diante de 1200 gibis distribuídos. E as cenas que vimos na saída comprovaram nosso otimismo: muitas pessoas segurando cuidadosamente seus pacotinhos de gibis, e até mesmo grupos de jovens, naquele bairro dominado pela ociosidade cultural, folheando as páginas dos gibis e comentando a respeito deles com seus amigos e colegas. E não vimos nenhum, nem um único gibi jogado no chão! Alguns certamente vão vender aqueles gibis para outro interessado, ou para o sebo da cidade – onde já apareceram gibis da Júpiter II. Até mesmo em sebos da capital paulista já encontrei gibis da Júpiter II! Significa que os gibis estão e estarão por aí, circulando! Muito melhor do que ter os gibis estocados em nossos armários!


Valeu a pena a canseira toda! Agradeci a Deus pois tive força e saúde para esse trabalho, parte de um projeto, que é criar um novo público leitor de Quadrinhos no Brasil, e o mais importante, gibis feitos por artistas brasileiros. E, como venho dizendo insistentemente, só vamos conseguir isso divulgando nossos gibis o quanto pudermos. Os colegas bem sabem o que foi feito de descaso nos últimos anos em relação aos personagens brasileiros dos Quadrinhos e seus criadores e artistas. É hora de reverter esta situação e, neste caso, só nos resta fazer o que diz a famosa canção, “ir aonde o povo está”. É hora do investimento. Nunca é demais lembrar do exemplo do que fez o poderoso sindicato do King Features para tornar seus personagens conhecidos no Brasil: permitiu que, durante um ano, as tiras daqueles memoráveis personagens dos Quadrinhos, que eram impressos a peso de ouro em diversos jornais dos EUA, que pudessem circular nos jornais brasileiros gratuitamente, sem qualquer ônus aos editores! Se o milionário King Features agiu assim, que chance temos nós, se não fizermos algo parecido, de acordo com nossas possibilidades? E um dos editores brasileiros que se beneficiou com a promoção do King Features foi Adolfo Aizen, ele que, mesmo no auge financeiro da sua Ebal, nunca deixou de mandar revistas de graça pelos correios, nem de presentear os jovens visitantes que fossem conhecer as intalações da editora carioca.


É hora de investimento, de tentar deixar nossos personagens e nossos gibis mais conhecidos pelo público! Pelo nosso público! Não se enganem nem por um minuto: mesmo quando apresentam temas importados, nossos gibis são brasileiríssimos e têm tudo para agradar em cheio ao nosso povo. As experiências que já fiz mostram que os leitores que tem contato com nossos gibis gostam muitíssimo deles, as cartas que recebemos também dá mostra disso. Sob este prisma penso que o Dia do Gibi Grátis tenha sido necessário e de grande êxito! Ainda falta comentar sobre algumas idéias para um grande impulso na divulgação dos nossos gibis, por hoje já falei demais então fica para a próxima. (JS)