quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

TORMENTA n.7 TRAZ A CONCLUSÃO DE 'A GRANDE AVENTURA'

Saiu com o selo Júpiter II o sétimo número do Tormenta (super-herói dos Quadrinhos criado por Eduardo Manzano), 24 páginas preto & branco, no formatinho 21 cm x 15 cm, capa couchê colorida ilustrada por Adauto Silva, com a reconhecida maestria (preço de capa R$ 3,00). Apresentando a segunda e derradeira conclusão da história “A Grande Aventura”, iniciada no número anterior. Arte de José Menezes, o velho mestre da RGE, do Kung Fu da Ebal, da Bloch, ilustrando roteiro de José Salles que busca resgatar o estilo das antigas HQs de selva, de aventura, tão comuns no glorioso passado dos comics, dos gibis, do qual Menezes foi um dentre tantos valorosos artistas-operários da época, desenhando alucinadamente todos os tipos de HQs, sempre de olho nos prazos e nos preços dos supermercados. Ou seja, fazia HQ não só porque gostava mas também por ser fonte de sustento. Menezes me relatou que chegou a desenhar um gibi inteiro do Fantasma quando estava num hospital, na sala de espera donde sua mulher fazia trabalho de parto! E hoje, ainda firme na ativa perto dos 80 anos de idade, é um sujeito de impressionante humildade. Muitíssimo diferente de qualquer mocinho compatriota que desenha um daqueles horrendos personagens da Marvel/DC atualmente. Há exceções é claro (será?) mas geralmente são de um pedantismo insuportável, de ‘metideza’ irritante, de monumental empáfia, e demonstram crassa ignorância sobre a História das Histórias-em-Quadrinhos. Sei também que ou desconhecem ou desprezam tudo (tudo mesmo!) que é feito aqui na Júpiter II, pouco lhes toca se importar saber se existem ou não pessoas aqui no Brasil tentando reconstruir a indústria dos gibis, tentando criar trabalho para que artistas brasileiros produzam histórias com personagens brasileiros, tentando criar um novo público leitor de Histórias-em-Quadrinhos. Mas eles não sabem de nada: eu é que fico aliviado de não ter um desses chatos como parceiro! (JS) smeditora@yahoo.com.br

2 comentários:

Loja Virtual Gibizone disse...

Falou e disse, Salles!!! Esses artistas da velha guarda (Menezes, Shima, Zalla, Vetillo, Gedeone, Colonese, Mano, entre outros) são sujeitos fantásticos, que sempre batalharam por uma identidade de quadrinhos nacionais (quem nunca viu um trabalho de Colin não sabe que perdeu - um artista de alto gabarito). Esses novos artistas, que trabalham para os gringos, tem o seu valor, mas se perdem num mundo de imposições artísticas. É óbvio que todos tem que tirar seu sustento diário, mas justamente com essa abertura no mercado americano, eles poderiam investir no nosso mercado, já que são vistos nos 4 cantos do país. É triste chegar numa banca e ver apenas títulos de Marvel e DC, e nada nacional (tirando o Maurício de Souza, é claro!): somos obrigados a ler um material defasado (cerca de 1 ano atrás)por não termos mais opções. Seu trabalho na Júpiter II é primoroso, pois mostra uma faceta de quadrinhos nacionais de qualidade e que atinge diversos públicos (do infantil aos que curtem terror). Como vc já me disse antes, em um e-mail, é uma tarefa árdua, mas vc consegue, a cada lançamento, mostrar para todos nós que quem tem coragem e é audacioso, consegue mostrar que existe talentos nacionais, só falta oportunidade de mostrar esse material. E vc é um dos poucos (senão o único no momento!) que faz isso.

Abraços,
Rodrigo Costa - Darcel Comics (Revista ÓI)

José Salles disse...

Bem lembrado Rodrigo, os marvetinhos brasileiros tem sim méritos de estarem onde estão mesmo porque trabalharam e trabalham duro para isso. Mas que são chatos, metidos, etc., não sou o primeiro a constatar isso. E que estão se lixando para a criação de uma indústria nacional de comics, com autores e personagens brasileiros, isso também é óbvio, notório. E igualmente incontestável é o desconhecimento e o desprezo que nossos "internacionais" têm por tudo que fazemos na Júpíter II.