quarta-feira, 25 de julho de 2012

QUINTO NÚMERO DE HISTÓRIAS SAGRADAS APRESENTA HOMENAGEM A SANTO AFONSO DE LIGÓRIO


Os fiéis leitores de nossas Histórias Sagradas bem se lembram que logo no primeiro número expressamos nossa intenção de apresentar versões feitas em História-em-Quadrinho de conhecidas passagens narradas pelos evangelistas do Novo Testamento. Pois bem, peço licença a vocês para quebrar temporariamente esta promessa, e apresentar uma edição um pouco diferente. Neste quinto número estaremos apresentando Histórias-em-Quadrinhos baseadas em exemplos dados por Santo Afonso Maria de Ligório no livro Glórias de Maria. O autor, italiano nascido no ano de 1696, com cerca de trinta anos de idade já era conceituado advogado que decidiu abandonar seu ofício, sua carreira, sua residência e todo seu mundo material dando preferência para um radical sacerdócio de vida cristã. E não conseguiu pouco: tornou-se o fundador da Congregação do Santíssimo Redentor, mestre e doutor da Igreja, tendo escrito e publicado durante sua longa existência (faleceu em 1787) mais de cem livros. Quem melhor define em poucas palavras toda a importância do egrégio missionário redentorista é o excelentíssimo tradutor da edição brasileira de Glórias de Maria, o também redentorista Padre Geraldo Pires de Souza:

Afonso foi um grande Santo, foi um zeloso missionário, foi um abençoado fundador, foi um fecundíssimo escritor. Deixou exemplo de virtude, deixou normas para a Congregação religiosa que fundara, deixou uma centena de livros, e ainda hoje abrasados os corações de quanto lhes percorrem os escritos.


E sem dúvida que o livro Glórias de Maria é um exemplo perfeito de reflexão e devoção dos atuais corações abrasados que tiveram o privilégio de lê-lo. Publicado pela primeira vez, após intensa controvérsia entre os religiosos, no ano de 1750, desde então e até hoje o livro foi lançado em todos os países democráticos e civilizados do mundo, através de centenas de edições. No Brasil pode ser encontrado em sua 20ª. edição pela Editora Santuário. Um livro indispensável para todos os cristãos - especialmente para aqueles que almejam ser na vida muito mais do que um “cristão de IBGE”. Glórias de Maria foi escrito após mais de dez anos de estudo, o que rendeu a Santo Afonso uma erudição impressionante, mais impressionante ainda quando constatamos quão popular e acessível é a linguagem que expressa em suas páginas. Como se todos os autores citados se unissem em única prece num inigualável hino de louvor à Venerável Mãe de Jesus, Glórias de Maria é um monumento literário que abençoa a humanidade - especialmente aqueles humanos que o leram - há mais de 250 anos! Nossa intenção com este gibizinho de Histórias Sagradas é evidentemente muito, mas muito, muitíssimo mais modesta do que esta obra monumental que é Glórias de Maria. Limitamo-nos, eu e o ilustrador José Menezes, a escolher e adaptar curiosos e instigantes exemplos de devoção que Santo Afonso divide com os leitores. Se estas poucas páginas de Histórias Sagradas n.5 puderem de alguma forma incentivar alguém a ler Glórias de Maria, já terá valido a pena. Ah, sim, e como eu disse, a quebra de promessa é só temporária, no próximo número retomamos as adaptações das narrativas evangélicas do Novo Testamento. (JS) contatos para o email smeditora@yahoo.com.br

domingo, 22 de julho de 2012

PERYC, O MERCENÁRIO


Denílson Rosa dos Reis, experiente fanzineiro conhecido como Tchêdenílson (alusão ao fanzine Tchê, que Denílson edita há mais de duas décadas), lança a primeira edição de uma revista com histórias do personagem de sua criação: Peryc, O Mercenário, formato 21 cm x 15 cm, capa couchê colorida (autoria de Marcel de Souza), 28 páginas em tons de cinza, edição caprichadíssima. Deixemos que o próprio Denílson explique melhor, e apresente o Peryc àqueles que ainda não o conhecem:


Realização de um sonho! (...) Não um sonho sonhado exclusivamente por mim, mas por vários editores de fanzines que ao longo dos anos buscaram uma melhor edição para seus zines. (...) Peryc é minha mais importante criação. Não que eu tenha criado muitos personagens nestas mais de duas décadas dedicadas ao Quadrinho nacional e aos fanzines. Ele vem de minha vontade de entrar no mundo da espada e da fantasia, o mesmo mundo que me levou ao universo dos fanzines quando, ainda adolescente, travei contato com o mundo de Conan, O Bárbaro.


E a admiração do autor/editor/roteirista com o Conan se percebe nesta edição que dedica sete páginas com textos e ilustrações (lindíssimas) a respeito do universo Conan, sua trajetória no mercado editorial brasileiro, e até mesmo sobre aquele filme lançado recentemente. E, nas três HQs criadas por Denílson, seus colegas do Quadrante Sul, antigos e novos amigos feitos pelo caminho – histórias muito bem narradas e ricamente ilustradas (Alex Doeppre, Marcel de Souza, Matias Streb e Jáder Corrêa) – Peryc mostra que foi inspirado pelo Conan, mas não é o Conan: o diferencial está mesmo nos toques de brasilidade com os quais é apresentando, não somente no vestuário (especialmente aquele visto na HQ “Rumo A Pedras Negras), mas também na narrativa: Peryc, vivendo numa era futurista pós-holocausto nuclear, é um “bárbaro sulista criado nos pampas do sul da América” – o que é óbvia referência ao Rio Grande do Sul, estado natal do autor Denílson; além disso, o deus de Peryc é uma antiga divindade sul-americana, Sepé – que também é referência a um clássico dos Quadrinhos brasileiros, de Flávio Colin. Denílson, eu é que sou seu discípulo! Quando você iniciava nos fanzines, eu não fazia nada da vida, exceto me embebedar e/ou me ‘chapar’ o tempo todo! Parabéns a você e a seus parceiros que nunca perderam tempo assim e que produziram, após muitíssima insistência, esta pequena pérola em Quadrinhos, desta nova coleção que se inicia! Entrem em contato tchedenilson@gmail.com  – http://www.perychq.blogspot.com/  (JS)

terça-feira, 10 de julho de 2012

BENJAMIN PEPPE n.3 APRESENTA PARTICIPAÇÕES MUITO ESPECIAIS

Saiu pela Júpiter II o terceiro número de Benjamin Peppe, personagem criado por Paulo Miguel dos Anjos que é um dos preferidos entre os leitores de nossos gibis, especialmente os mais jovens e a petizada. E este número (formato 21 cm x 15 cm, 24 páginas p&b) está realmente muito bacana, com participações especialíssimas: Letícia (personagem criada pelo gaúcho Rafael Grasel), e até mesmo o heróico Icfire, do potiguar Chagas Lima, vivendo aventuras ao lado do boa praça Benjamin Peppe. E ainda uma terceira história, uma divertida disputa de handebol, escrita por Anjos e ilustrada pelo jauense William Raphael Paraízo. smeditora@yahoo.com.br (JS)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

OS TEÓRICOS MARXISTAS DOS QUADRINHOS - ELITISTAS E DESTRUIDORES DE GIBIS


Se o sr. Sigmund Freud realmente estiver com a razão, todos nós passamos, em nosso desenvolvimento físico, uma fase em que sentimos desejo de consumir nossas próprias fezes – é a tão famosa ‘fase anal’, ou coisa que o valha. Pois bem, permitam-me os leitores fazer uma comparação, estapafúrdia que seja, com nosso desenvolvimento intelectual – e, se por acaso lhes parecer mesmo estapafúrdia, compreendam como saída metafórica da qual este pobre escriba faz uso para tentar esclarecer seu ponto de vista.
Deste modo, em nosso desenvolvimento intelectual, quando já crescidos buscamos nos informar através dos livros e de ensinamentos diversos, nós também passamos por uma fase em que somos atraídos por excrementos – excrementos teóricos ou literários. No caso específico das Histórias-em-Quadrinhos, os excrementos intelectuais seriam os livros teóricos escritos por autores marxistas – e, para quem cresceu a partir dos anos 70/80 do século passado (em pleno governo militar considerado ‘de direita’) não havia escapatória: todos os teóricos dos Quadrinhos eram de viés comunista-esquerdista-marxista-leninista-stalinista-gramsciano, etc. Livros escritos por pessoas que, quando crianças e jovens, deleitavam-se com a leitura das grandes obras dos Quadrinhos, com alguns dos mais maravilhosos personagens já criados, e criados majoritariamente por autores estadunidenses, refletindo, portanto, os valores daquela sociedade. Acontece que, assim que aqueles antigos jovens leitores de Quadrinhos ingressaram na universidade, tomaram contato com a ideologia marxista, por ela se apaixonaram e se deixaram levar. Sendo o anti-americanismo um dos pilares do marxismo de algibeira, aqueles que um dia amaram os personagens clássicos das HQs, passaram a odiá-los, e mais: escreveram contra eles, repudiando-os da maneira mais abjeta possível e, agindo assim, evidentemente acabaram influenciando tantas outras pessoas através de seus livros. O resultado prático estamos vendo hoje: os personagens clássicos das grandes obras dos Quadrinhos, monumentos culturais da humanidade, foram sumindo das bancas até desaparecerem totalmente, mesmo personagens ultra-populares no passado, como o Fantasma, o Tarzan, e o Mandrake, sucumbiram diante da implacável militância teórica dos comunistas das HQs. Portanto, se hoje em dia só encontramos nas prateleiras das bancas os mangás e os personagens Marvel/DC (estes cada vez mais abomináveis); se as publicações com Histórias-em-Quadrinhos vêm se tornando cada vez mais restritivas, cada vez mais elitistas, devemos esse triste estado de coisas aos teóricos marxistas-gramscianos. Existe ainda um ou outro fanzineiro que elogia as grandes obras do passado, mas, para não ficar ‘ruim na fita’ com seus pares, emplaca um anti-americanismo de dar pena, mesmo que as páginas do fanzine sejam dominadas pelos personagens americanos – um portal de incoerência e de insanidade, caso que necessitaria de atendimento psiquiátrico na ala dos esquizofrênicos.
Os livros teóricos marxistas sobre HQs acabam provocando, acima de tudo, prevenção e preconceito contra os personagens lá analisados. O Fantasma e o Tarzan, por exemplo, não tiveram muita chance: ainda que nas histórias, por incontáveis vezes se mostrassem destemidos defensores dos povos nativos da selva contra os exploradores brancos, foram eles considerados pelos teóricos comunistas os piores ‘colonialistas e imperialistas’ do mundo. De modo que, um jovem leitor que tivesse tido a infelicidade de ler algum livro de viés comunista sobre os Quadrinhos antes mesmo de ler uma única HQ do Fantasma ou do Tarzan, diante de tanto preconceito que encontrasse naqueles livros criaria para si tamanha prevenção contra aqueles personagens, que jamais poria os olhos numa historieta deles, quanto menos comprar um gibi.
Outra personagem que se tornou alvo preferencial da histeria comunista foi Aninha A Pequena Órfã/ Little Orphan Annie, de Harold Gray. Tira diária em Quadrinhos lançada nos jornais no dia 5 de agosto de 1924, começou como tira humorística a respeito de uma jovenzinha ruiva, Annie, com seu cãozinho Sandy. Com o passar dos dias e o ingresso de novos personagens, especialmente o milionário ‘Daddy’ Warbucks/ Papai Warbucks (que viria a adotar a pequena Annie) e seu fiel empregado hindu, Punjab, a série foi ganhando contornos de aventura (mas sem perder jamais o bom humor) que a consagrou entre os leitores. Após a morte do autor em 1968, outros tentaram dar sequência à tira, mas de forma medíocre. Nem mesmo o grande Leonard Starr conseguiu melhores resultados. Pior ainda foi a sátira depravada que Harvey Kurtzman produziu para a revista dos onanistas marmanjos, a Playboy. Muito mais dignas foram as adaptações para os palcos da Broadway e um filme musical (Annie, de 1981), ambos dirigidos por John Huston. O filme não fez sucesso, uma pena, mas eu adorei e o tenho em dvd.
No Brasil, Aninha A Pequena Órfã também tornou-se muito popular e muito querida entre o público leitor antes do advento dos teóricos comunistas. Foi Adolfo Aizen quem começou a publicá-la entre nós no Suplemento Juvenil a partir de 1938, posteriormente passando às organizações da família Marinho, aparecendo na revista Biriba a partir da década seguinte. A personagem retornou numa história solitária no sexto e derradeiro número do Almanaque Do Gibi Nostalgia, através da RGE de Roberto Marinho, maio de 1977. Quando por ocasião do lançamento deste Almanaque, o estrago dos teóricos marxistas já estava feito. Nunca mais foi publicada por aqui. Isso porque a tira já havia sido punida e condenada pelos boçais, especialmente devido a função exercida pelo Papai Warbucks: era fabricante de armas. Mas, o mais óbvio exercício de reflexão histórica mostra que, nas primeiras décadas em que Annie estava sendo produzida e lançada nos jornais, pairavam os rancores da Primeira Guerra Mundial, a ameaça nazi-fascista-imperialista já se fazia sentir em negras nuvens, até que as agressões militares se dessem por todo o planeta, iniciando o segundo conflito mundial. Fabricar armas, naquela ocasião, era instinto de defesa dos países atacados, especialmente entre aqueles que se esforçavam nos modelos democráticos.
Ah, mas relendo essa HQ da Aninha no sexto número do Almanaque Do Gibi Nostalgia, fica muito mais fácil compreender a aversão que os teóricos bocós do comunismo sentem pela tira de Harold Gray: no dia de Ação de Graças, o ‘reacionário’ Papai Warbucks, mesmo sendo bilionário e podendo organizar a mais nababescas das festas, empanturrando a si mesmo e a seus convidados com beberagens e glutonarias, decide passar o feriado, ao lado de sua filha adotiva, na casa de um humilde casal de agricultores, desfrutando de frugal refeição – após a qual, sentado ao pé de uma lareira, o ‘reacionário’ reflete:


Todos nós temos o que agradecer, mas acho que a maior benção de todas é termos uma menina como a Aninha, que foi enviada para este mundo para fazer nossas vidas valerem a pena.


Esta singela passagem, caros leitores, revela muito bem as causas da aversão dos teóricos do marxismo contra Aninha, A Pequena Órfã. Pois sabemos que, ainda mais do que o sentimento anti-americano, o leitmotiv da comunistada, o que move os seguidores do stalinismo e do gramcismo a mostrar suas garras ao mundo é o sentimento anti-cristão (por isso consideram o cristianismo como sendo o ‘ópio do povo’). Como admitir, então, um personagem como o Papai Warbucks, que agradece a benção de ganhar uma filha, ainda que adotiva?
Demorou para ‘cair minha ficha’, mas há um bom tempo consegui me livrar da influência maléfica dos teóricos vermelhos dos Quadrinhos, antes mesmo que seus pares tomassem o governo brasileiro e fizessem o que ainda estão fazendo na administração pública. Hoje é fácil de entender porque desprezam e rejeitam heróis como o Fantasma, o Tarzan, o Superman (o do passado, não a josta em que os atuais roteiristas o transformaram). Este, mesmo com poderes para dominar o mundo e fazer dele uma extensão do que fizeram Stálin e Mao Tsé-tung, usa toda sua força, todo seu sentimento, na defesa de seus irmãos mais fracos – ele que nem mesmo nasceu em nosso planeta. Por isso é repudiado pelos comunistas teóricos das HQs, que preferem os personagens de chiclete com banana – preferem mulheres bêbadas, drogadas e depravadas, punks que saem cuspindo em qualquer pessoa que não pense como eles; para os fiéis seguidores de Antônio Gramsci, muito melhor do que o incansável defensor dos seres humanos é um solteiro desocupado com seringa no nariz, excitado para fazer sexo incestuoso com a própria mãe; muito mais digno do que os defensores dos povos nativos africanos, são os piratas de rios fedorentos, saqueadores e estupradores amorais.
Graças a Deus me livrei dessas influências perniciosas! Graças a Deus superei a ‘fase anal’ de minha instrução intelectual! Graças a Deus esses teóricos comunistas que antes me impressionavam, hoje me causam repulsa e/ou comiseração! Por isso minhas coleções de chiclete com banana, circo e geraldão já foram para o lixo, e hoje junto meu dinheiro na esperança de adquirir a recente edição da IDW Publishing, republicando em álbum de luxo as tiras diárias e páginas dominicais de Little Orphan Annie – e, querem saber? Sou capaz de apostar que os tais teóricos marxistas, escondidinhos, já compraram esse álbum para suas coleções! Afinal de contas, apesar de mal-vestidos, são mais ricos do que eu – e vocês sabem que não posso ser considerado exatamente um pobretão, hein? (JS)