terça-feira, 24 de abril de 2012

INDICAÇÃO PROVOCATIVA ME IRRITA UM POUCO, MAS ME DEIXA COM MUITA PENA DE QUEM A FEZ ou "O HQ MICO"



Antes de mais nada, as linhas que seguem expressam única e exclusivamente a minha vontade, não falo em nome de ninguém ou nenhum grupo.

Estou indignado por ver o nome de uma das publicações da Júpiter 2, Velta & Mirza, ter sido indicada ao prêmio hq mix(o) na categoria “melhor publicação erótica”.
Não sei o motivo de ter sido incluída nesta categoria. A conversa (mole) é de que houve votação democrática, etc. Mas, para mim, essa indicação indecorosa pode demonstrar duas hipóteses, a respeito da conduta dos organizadores desse prêmio.
A primeira hipótese (e a mais improvável), é a de que não leram a publicação, ou mais ainda, sequer a viram, ou mesmo folhearam suas páginas. Pois, apesar de indicada para adultos, o teor erótico (a ponto de ser considerada uma publicação exclusivamente deste gênero) é suave e não é indispensável nas histórias lá apresentadas, em especial a primeira delas e que toma a grande maioria das páginas da edição, “O Exército de Vampiros”, onde fica muito claro que a preocupação do artista Emir Ribeiro foi a de criar uma história plena de divertimento com a trama baseada especialmente nos gêneros de terror, suspense e ficção-científica. Vê-se claramente, como irá perceber qualquer iniciado na História das HQs brasileiras & seus autores, que Emir preocupou-se muito mais em homenagear grandes nomes da agaquê brazuca do que em ficar excitando a libido alheia. Deixemos que o próprio Emir explique: apenas tentei seguir a linha usada no terror brasileiro tradicional (anos 60 e 70), onde o elemento erótico (ou seja, mulher com pouca ou nenhuma roupa, diga-se antecipadamente) sempre esteve presente. Foi a mesma linha que eu quis trazer para o gênero de super-heróis, quando criei Velta nos anos 70. Assim, na história, apenas juntei os gêneros, e tentei me manter fiel à linha escolhida.
Velta & Mirza é muito mais do que qualquer hentai. E mesmo na segunda HQ, com mais tensão erótica, tudo é mostrado com discrição e respeito – em português mais claro: o auge do explícito é a nudez de um par de peitos femininos. Ou seja, fosse mesmo uma seleção feita com seriedade, Velta & Mirza, com suas virtudes e seus defeitos, jamais deveria constar ao lado de coisas abomináveis como essas obras de jodorówisk, chaytin e hentai.
Ah, meus caros, mas esta hipótese, de que os organizadores do prêmio hq mix(o) não tenham lido Velta & Mirza, é muito, muito improvável. Tudo indica ser uma provocação deliberada (ainda que velada) contra minha pessoa, contra as convicções que defendo atualmente em minha vida. Já deixei claro em uma série de artigos o que penso a respeito desse prêmio, o que penso a respeito do underground comics, da vaidade ridícula de boa parte dos roteiristas e desenhistas de Quadrinhos. E sempre deixo muito, muito claro o que penso a respeito da ideologia de esquerda. Além disso, relembro de alguns artigos que escrevi de cunho bastante pessoal, fazendo reflexões em minha vida depois que abandonei temas similares aos das obras de jodorówisk e chaytin, e me converti ao Cristianismo – ao Cristianismo do Cristo, conforme pregou Alziro Zarur, e vem reafirmando o sr. Paulo Antônio de Colo. Pois bem, tudo isso que hoje combato, perversões, niilismo e ativismo ateísta, já fui um dia artífice desses mesmos crimes. Eu poderia ser como jodorówisk, com mais de 80 anos de idade e ainda estar escrevendo a respeito das mesmas coisinhas que escrevia quanto tinha 18 – este lamentável autor continua, até hoje, a se utilizar de qualquer pretexto histórico para extravasar suas taras e seu ódio anticristão. Eu, tão abominavelmente quanto horrorówisk, também já perpetrei obras lamentáveis, totalmente devotadas aos baixos instintos humanos, dos mais rasteiros e inferiores, além de certa fúria anticristã – afinal de contas, como posso renegar o fanzine Os Mardito, o livreto Contos Pervertidos, o filmeco Credo Creditum e o roteiro da HQ Jack The Fag? O que está feito está feito, e de certa forma é até bom citar o nome dessas obras execráveis que cometi no passado, para que os moços de hoje, sabendo-lhes os nomes e de quais assuntos tratam, procurem evitar conhecê-las. Mas, tudo isso está no passado, cada vez mais no passado. Olho para trás e percebo que minha conversão começou há mais de uma década. Aqueles sentimentos nefastos que me dominavam quando escrevi aquelas tralhas, inspirado por artistas depravados, vão ficando cada dia mais longe, mais distante de minha existência e de minha lembrança. Para dizer a verdade, só me lembro de ter escrito aqueles coisas quando algum colega daqueles tempos, mesmo de boa-fé, insiste em relembrar de minha autoria sobre aquelas obras ridículas, votando a divulgá-las, desnecessariamente. E também, vez por outra, como vocês podem constatar nesta ocasião, quando sou alvo do deboche alheio, do sarcasmo imprevidente, como no caso desta indecorosa indicação de uma revista da qual sou o editor responsável, inserida ao lado de obras aviltantes, das quais há muito já me livrei, moral e espiritualmente (e quem não muda de jeito nenhum porque sequer tenta isso, dificilmente acredita naqueles que tentam mudar, que tentam renovar-se). Há quem passe dos 60, 80 anos de idade, e jamais mude sua trajetória criativa. Comigo foi diferente. Mudei e mudei radicalmente, abandonando temáticas pervertidas, ateístas, hedonistas, materialistas, e me esforçando nos caminhos verdadeiros da vida, procurando seguir os ensinamentos de Jesus, buscando ajudar a construir aqui na Terra o que jamais existiu, até o momento: o Cristianismo do Cristo, oposto ao que existe hoje, o cristianismo dos homens, que só faz dividir os cristãos – e povo dividido não reina, por isso o avanço implacável de todos os tipos de abortistas em nossa sociedade!
A propósito, nestas situações, em que me vejo obrigado a falar sobre as obras que fiz no passado, sinto-me como aquele personagem narrado por Irmão X, através das mãos caridosas de Francisco Cândido Xavier no livro Lázaro Redivivo: trata-se de um escritor que vivia de explorar a malícia e a fraqueza humanas, em livros plenos de anedotário venenoso e sensual. Depois que faleceu e seu espírito deixou o corpo apodrecido no túmulo, descobriu as verdades celestiais e arrependeu-se, trilhando dolorosamente o retorno aos bons caminhos. Ainda no mundo espiritual, recebeu a visita de antigos leitores, que haviam sido seus fãs durante a passagem terrestre. Inconformados com a conversão do antigo escritor debochado, por isso o xingavam e o agrediam insistentemente: “É mentira! Ele não tinha fé!”. Entretanto, sabedor dos erros do passado, aquele que outrora fora um escritor depravado não perdeu a calma, e concluiu: Não me preocupo, agora, por mim, que tenho a felicidade de resgatar o passado. Como é natural, todavia, preocupo-me pelos meus antigos clientes, porque se me conhecem tão bem, dão testemunho de que me leram com atenção. Leram e gostaram. E se eu, presentemente, trabalho para destruir a árvore que plantei, eles que se preparem diante do futuro, porquanto é provável que quase todos tenham de vomitar os frutos que ingeriram gostosamente.
Deste modo, sou capaz de apostar como os organizadores do hq mix(o) leram sim, não só Velta & Mirza, mas vários de meus artigos escritos nos anos mais recentes. E a indicação de Velta & Mirza junto àquelas obras pestilentas, é, sim, uma provocação besta, que só faz denegrir a linha editorial da Júpiter 2 – mas vejam bem, só a denigre entre aqueles que já nos detestam e/ou que nos desconhecem, pois felizmente, com a Graça do Bom Deus, nestes seis anos de publicações ininterruptas já conseguimos formar um público específico nosso, gente boa e humilde que gosta de gibis mas que em boa parte nunca leu alan múúú, nil gosma, jodorówisk, chaityn, e imagino que nunca nem ouviram falar em prêmio hq mix(o). Ou seja, o público da Júpiter 2, este nosso mais precioso tesouro, o público que já lê nossas revistas há um par de anos ou mais, este não vai dar a mínima para essa indicação aviltante. Mesmo porque, nunca nem ouviram falar nesse tal prêmio.
Enquanto escrevia, me passou pela cabeça uma terceira hipótese a respeito das intenções dos organizadores do hq mix(o) ao incluir Velta & Mirza naquela seleção asquerosa: estariam os organizadores procurando, como direi, ‘fazer média’ com a Júpiter 2? Afinal, podem me ‘acusar’ de ser cristão (e estou tentando ser), mas não podem me acusar de falta de incentivo aos artistas brasileiros dos Quadrinhos e seus personagens, não é? Ou quem sabe estejam mesmo querendo ‘fazer média’ com o Emir Ribeiro? Afinal de contas, o homem, há anos na estrada com vasta obra, vem lançando um álbum atrás do outro e o público do hq mix(o) incluindo a maioria dos indicados, nunca nem ouviu falar do paraibano (muito longe a Paraíba, né? Se ainda fosse em Nova Iorque, ou San Diego!).
Seja qual tenha sido a intenção dos organizadores do prêmio hq mix(o) ao terem incluindo Velta & Mirza naquela seleção que só nos faz afronta (a mim e ao público da Júpiter 2), minha posição é bem clara: evidente que não posso exigir que o gibi seja retirado daquela seleção de indicados para melhor publicação erótica, por isso, apenas peço aos organizadores o favor para que o retirem de lá – e atenção, que fique bem claro, esta é a minha posição pessoal, não a do Emir Ribeiro. Ele sabe o que penso sobre o trabalho dele, independente dele ser premiado ou não. Portanto, sou eu, José Salles, quem peço aos organizadores do hq mix(o) que retirem aquela indicação de lá. Se não for retirada, teria eu a prerrogativa de que meus advogados pudessem tentar isso diante de um juiz de direito, mas evidentemente não vou gastar minhas energias & recursos com isso, para responder a essa provocaçãozinha boba. Afinal de contas, se não outorguei representação aos advogados nem mesmo para que pudessem cobrar o dinheiro que vocês me devem, pela venda consignada de alguns gibis da Júpiter 2 que eu pessoalmente deixei na livraria hq mix(o) na capital paulista, eu lá vou fazer isso por menos ainda? Pois, ainda que a revista seja eleita para ganhar o prêmio, e o Emir aceite ir recebê-lo pessoalmente (pois eu não irei de jeito nenhum, e acho difícil mesmo que o Emir se sujeite a isso), pra mim não muda nada. Vou continuar editando gibis para o público da Júpiter 2, aquele que nos respeita e não lê jodorówisk, nem chiclete com banana, nem conhece o hq mix(o). José Salles