domingo, 27 de janeiro de 2013

ALMANAQUE ROCKY LANE TRAZ DE VOLTA GRANDE PERSONAGEM DO FAROESTE EM QUADRINHOS!


Nas décadas passadas era prática comum nas redações de Histórias-em-Quadrinhos no Brasil, que artistas brasileiros dessem continuidade nas séries estrangeiras quando findava o material original destas. E especialmente nos estúdios da editora carioca Rio Gráfica & Editora (RGE), de Roberto Marinho, pudemos observar isso em personagens como Fantasma, Mandrake, Jim das Selvas, Cavaleiro Negro, Flecha Ligeira sendo ilustrados por artistas brasileiros como Walmir Amaral, José Evaldo, José Menezes, Juarez Odilon, entre outros – e dentre esses outros, o ítalo-brasileiro Primaggio Mantovi, que durante quatro anos (durante a segunda metade da década de 60) desenhou capas e HQs do famoso personagem de western do cinema Rocky Lane. Conheci o trabalho de Mantovi na década de 70, primeiramente com o Sacarrolha, o divertido palhaço em Quadrinhos que era publicado pela Editora Abril, e simultaneamente, nos sebos, deparei-me com antigos exemplares de Rocky Lane da RGE ilustrados por Mantovi – o Rocky Lane original ilustrado por Frank Bolle e outros, eu só vim a conhecer muito mais recentemente, através de um gibi da AC Comics com o qual fui gentilmente presenteado por meu saudoso mestre e amigo Gedeone Malagola. Pois bem, agora, graças ao CLUQ (Clube dos Quadrinhos) capitaneado pelo editor Wagner Augusto, nos chega uma caprichada edição do Almanaque Rocky Lane (formato 28 cm x 20 cm, 48 páginas p&b; o desenho em aquarela da capa cartonada de autoria do próprio Mantovi) reapresentado duas HQs – melhor dizendo, uma história dividida em duas partes – com o ‘mocinho’ do faroeste ilustrado por Primaggio Mantovi, narrando a origem do herói (coisa inédita até mesmo nos EUA), revelando aos leitores como ele passou a vestir a camisa de listras finas que era sua marca registrada, bem como seu encontro com o valoroso cavalo Tufão (Black Jack, no original – naquela época, quase todos os heróis do faroeste possuíam seus cavalos fiéis e inteligentíssimos, que não raro os salvavam de encrencas). E ainda dois ótimos artigos também assinados por Mantovi: o prefácio, em forma de crônica, onde ele conta sua relação com o gênero western, desde sua infância na Itália, que prosseguiu com fervor ainda maior na tenra juventude, quando se mudou para o Brasil, bem como seu ingresso na RGE; e no artigo final, o sr. Mantovi nos brinda com uma completa e ilustradíssima biografia de Allan Lane, o ator que se consagrou como  Rocky Lane nas telas de cinema. Nas capas internas da edição, temos a galeria de capas de Rocky Lane da RGE ilustradas por Mantovi, em cores. Imperdível para os fãs e indispensável para quem pensa que os Quadrinhos começaram com cavaleiro das pregas, uótchméin ou com os mangás – se bem que esse pessoal que cultua essas coisas está se lixando para o resto, então deixemos esses caras pra lá. De minha parte, haja vista a numeração 1 na capa da revista, e a promessa de um segundo número, fico na tremenda expectativa da sequência desta nova coleção de Rocky Lane em Quadrinhos! Não, vocês não vão encontrar essa publicação em bancas, exceto nas duas ou três comic shops que existem no Brasil. Os assinantes da revista Mocinhos & Bandidos já puderam adquirir o seu exemplar, quem ainda não o fez e gostaria de fazer é melhor contatar o CLUQ através do e-mail cluq@terra.com.br (JS)

CAMPANA VOLTA APRESENTANDO PERSONAGENS SUPER-HERÓICOS DE SANDRO MARCELO


O pernambucano Sandro Marcelo é um perfeito exemplo da persistência que marca o artista brasileiros de Quadrinhos independentes, produzindo muito e lançando, há mais uma década, a simpaticíssima revista Campana, que chega agora ao quinto número (formato 21 cm x 15 cm e polpudas 52 páginas p&b). Além dos personagens criados por Sandro Marcelo – O Conversor, carro-chefe da publicação, e Blagster – esta edição de Campana também apresenta uma aventura do grupo Os Invictos, escrita por Rafael Tavares e ilustrada pelo excelente Adriano Sapão: ‘O Amanhã Não Deve Ser Adiado’. Pelo que pude perceber, tanto na apresentação quanto na sessão de cartas, é intenção de Marcelo abrir espaço para personagens de outros autores. Gosto muito do visual do Conversor e do cenário de aventuras do Blagster, que mescla ficção-científica com faroeste – este gênero, a propósito, é muito apreciado pelo autor, como podem constatar os que leram suas várias HQs do estilo publicadas na Billy The Kid & Outra Histórias, de Arthur Filho. E me agrada principalmente o teor das histórias de Sandro Marcelo, cujas principais influências são os bons tempos da Marvel no passado, e da Bonelli Editore. A propósito, o sr. José Carlos Braga resume muitíssimo bem o significado do trabalho de Marcelo:
Sou fã da arte pura, bem anos 70, simples, mas direta, feita para entreter, levar o leitor a viajar e a tornar-se também, um super-herói, sem se preocupar com essa neurose atual de fazer quadrinhos cinematográficos, com suas cores realistas, perfeições estéticas, e heróis sem moral, que praticam violência sem limite, afinal, estou comprando uma revista de Quadrinhos, e não um tratado de anatomia ou boletim de polícia. Isso não é alienação... é IMAGINAÇÃO!
Outra boa notícia é que a Campana agora faz parte das publicações da PADA, a cooperativa capitaneada por José Valcir, há mais de duas décadas lançando publicações em Quadrinhos com destaque para a Prismarte, que já superou a marca de 50 números. Vamos torcer para que, com a ajuda da PADA, a regularidade da Campana se torne mais estável. Sandro.marcelo.farias@gmail.comprismarte@prismarte.com (JS)

ÓI!, MAIS UM FANZINE QUE VIROU REVISTA


Já havia comentado anteriormente sobre o fanzine Ói!, produzido pelo estúdio Darcel, de Aracaju/SE (quem não se lembra, pode rever aqui:http://jupiter2hq.blogspot.com.br/2011/11/fanzineiros-sergipanos-mandando-bem.html), e eis que, para minha boa surpresa, recebo do editor, roteirista e desenhista Rodrigo Costa a nova edição Ói, agora com acabamento gráfico caprichado (capa couchê colorida – arte de Luís de Morais – 48 páginas p&b e tons de cinza, também em couchê, no formato 21 cm x 15 cm), começando com a numeração 1, apresentando quatro HQs: a primeira com o personagem Roboy de Rodrigo Costa, baseado nos desenhos japoneses e nos filmes ‘B’ de ficção-científica (Costa também é autor de uma HQ de duas páginas chamada ‘Cuidado Com Ele’); segue a revista com O Cara Do Terno, instigante personagem de Arlan Clecio Emanuel, numa história passada toda num mictório público; o destaque na capa, um personagem de nome invocadíssimo, The Noir Samurai Tango aparece numa HQ de Rodrigo Seixas chamada ‘Rosas De Otoo’, que mescla referências de filmes antigos de detetive com a violência desmedida dos filmes asiáticos e da sangreira gore; e finaliza a edição uma HQ de Juscelino Nero chamada ‘Destroços’, sobre um tal Patriota, ou sobre um vídeo destruído por esse tal Patriota, numa narrativa opressiva e sufocante. A propósito, o autor desta HQ se confessa um fã do assassino psicótico Ed Gein – e eu pensando que a idolatria por idiotas dementes havia acabado na década de 90, mas pelo visto eu estava enganado. Na página que anuncia as atrações do próximo número, aparece lá o Monstruoso Frank, destaque no fanzine precursor, esperemos que retorne mesmo na segunda edição. www.darcelcomics.blogspot.com.brdarcelcomics@gmail.com (JS)