segunda-feira, 10 de junho de 2013

QUADRINISTAS INDEPENDENTES DO CENTRO-OESTE MANDANDO BEM!

É prática comum, no meio dos artistas independentes dos Quadrinhos, o lançamento de edições ecléticas, apresentando histórias produzidas por artistas de estilos diversos & distintos. Quem se dispuser a catalogar esse tipo de publicação, cada vez mais habitual a partir de meados da década de 90 do século passado, vai ter um trabalho danado.
A divisão das despesas da tiragem talvez seja o principal motivo, ou melhor dizendo, o motivo mais prático para o crescimento deste tipo de publicação. Mais recentemente, publicações assim servem como divulgação de sítios e blogues internéticos dos autores, onde têm mais chance e mais espaço para apresentar suas obras.
Uma recente edição eclética de artistas independentes dos Quadrinhos acaba de parar em minhas mãos. Batizada Qico (Quadrinistas Independentes do Centro-Oeste – 22cm x 16 cm, capa couchê colroida, miolo de 40 páginas tons de cinza em couchê), reúne uma seleção de jovens & talentosos(as) artistas do centro-oeste brasileiro. Lê-se na quarta capa da edição:
É a reunião de histórias e tiras de alguns quadrinistas independentes do centro-oeste. Esta edição tem romance e suspense, ação e heroísmo reflexão e humor, tem aviador, super-herói, médico, artista plástico e até caçadora de vampiros! Tem histórias para todos os gostos!
Aqueles que, como eu, já estão muito mais perto dos cinquenta anos de idade, do que dos vinte, deve se armar de paciência e tolerância para analisar trabalhos das gerações mais jovens. Afinal, não tiveram contato com tantos e tantos personagens da Era de Ouro que nós tivemos, personagens clássicos que líamos mensalmente e que hoje se encontram totalmente banidos das bancas. Por isso com muita alegria pude conhecer esta edição, com histórias produzidas por artistas que estavam nascendo quando eu já vivia crises existenciais, uma edição que me agradou muitíssimo!
Começa com a melhor de todas, criação de Heluiza Bragança e Cátia Ana, ilustrada por esta última: ‘Às Seis’ é uma narrativa poética e romântica maravilhosa, emocionante mesmo, algo que só vi parecido no fanzine dos irmãos Damas (confiram aqui http://www.jupiter2hq.blogspot.com.br/2012/02/um-fanzine-romantico.html:). Como vocês sabem, eu também venho tentando trilhar esses caminhos românticos com o título Romance Em Quadrinhos da Júpiter II, mas não posso negar: ainda tenho que ralar muito, para chegar onde já chegaram Heluiza, Cátia Ana e os irmãos Damas. De Cátia Ana ainda temos uma página de cativante sensibilidade, chamada ‘Conservas’, sobre as fases da vida de uma mulher (vou repassar o sítio internético da moça, para que possam melhor conhecer esse magnífico trabalho: www.odiariodevirginia.com).
Em seguida temos ‘Lupus’, produzida por Daniel Costa, apresentando seu simpaticíssimo personagem, o jovem super-herói Rboy, que trabalha numa organização especializada em encontrar e combater monstros. A despeito do cenário todo dark, o herói é bem-humorado, sempre brincando com seus parceiros. Pena que temos somente um capítulo da história, onde Rboy está no encalço de um lobisomem – a história segue no sítio www.hotmindcomics.com.br).
‘Meus Nervos’, que vem na sequência, apresenta trabalho de Sólon Maia, retratando num estilo muito peculiar as atribulações de um médico de hospital público, que além dos pacientes convive diariamente com Deus e com a morte. Não gosto das influências que o autor apresenta aqui (o pior do quadrinho europeu e do underground comics – se é que existe um ‘melhor’ nesses estilos...), e tenho uma visão de Deus totalmente diferente da que ele possui, mas é inegável o talento do jovem autor (nascido em 1981): ‘Meus Nervos’ possui humor muito perspicaz e inteligente, longe do grosseiro, apontando as mazelas da saúde pública – não escapa nem o público que dela se serve. Uma obra com muito mais virtudes do que defeitos (www.meusnervos.com.br).
Chega então a vez do Verdugo, O Inacreditável, da brasiliense Veronica Saiki. Conheci este personagem e seu universo nos fanzines lançados em meados da década passada, e confesso que me surpreendi ao não encontrar a temática ecológica, tão presente nos fanzines. Mas, longe de me decepcionar, adorei a história em ‘Aonde Quer Que Eu Vá...’, uma narrativa intimista com visual lisérgico. E algo facilmente perceptível, tanto nos fanzines quanto nesta história da edição do Qico: o inegável talento da jovem Very (www.verdugooinacreditavel.blogspot.com.br).

Encerra a edição Jessi & Zack, uma caçadora de vampiros apaixonada por um sanguessuga galã. Aqui os quase cinquentões, que cresceram assistindo aos filmes de vampiro da Universal e da Hammer (eram reprisados continuamente na tv, moçada, bem antes da invenção dos canais de fibras óticas), vão ter muita dificuldade para entender, mas as tirinhas são muito bem humoradas e graciosas (www.recantodachefa.blogspot.com). (JS)

BILLY THE KID & OUTRAS HISTÓRIAS ATINGE A 18a. EDIÇÃO


Do editor gaúcho Arthur Filho chega o 18º. número da revista Billy The Kid & Outras Histórias (22 cm x 14 cm, capa colorida em papel cartolina – arte de Ariton Marcelino – e 28 páginas em preto & branco), apresentando HQs com temática no faroeste americano. Começa com a HQ em capítulos produzida pelo paraense Emmanuel Thomaz (Elthz): ‘A Sina de Blackwood Jones’, um ex-escravo em busca de vingança; a segunda história publicada neste número apresenta a estréia em Billy The Kid & Outras Histórias de Ailton Elias, experiente quadrinista brasileiro, autor da célebre Brigada das Selvas (uma edição já publicada pela Júpiter II, e uma outra à caminho!), apresentando seu personagem Big Ranger, um delegado federal incansável na luta contra o crime. Após a sessão de cartas, é hora e a vez de ‘O Enforcado’, do ótimo Airton Marcelino, mais uma vez comprovando seu talento. A edição termina com HQs curtas e esboços do editor Arthur Filho – sendo de Sandro Marcelo a arte da contracapa (confiram abaixo). Entrem em contato com o editor em arthur.goju@bol.com.br (JS)